2 min de leitura
Em depoimento a Polícia Civil Gilman Rodrigues falou sobre o inicio do conflito com Delvânia: "ela estava fora do normal"

O caso que chocou moradores de Caseara e região teve mais um desdobramento trágico na última sexta-feira (11), com a confirmação da morte de Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, após mais de 20 dias internada no Hospital Geral de Palmas (HGP). Ela foi agredida brutalmente no dia 22 de março e o principal suspeito do crime é o companheiro, Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos.

Gilman foi indiciado por feminicídio e teve a prisão preventiva decretada e cumprida no dia 3 de abril, após novo depoimento à Polícia Civil. Em vídeo obtido pela TV Anhanguera e reproduzido pelo Portal Caiapó Notícias, o suspeito aparece dando sua versão dos fatos, alegando que foi agredido primeiro e que teria reagido na tentativa de "acalmar" Delvânia. 

“Ela veio para cima. Acredito que tenha bebido alguma coisa, porque estava fora do normal”, afirmou.

O relacionamento entre os dois começou no segundo semestre de 2024 e, segundo testemunhas ouvidas pela polícia, era marcado por ciúmes, discussões constantes e episódios de violência. No dia do crime, Delvânia chegou a pedir socorro em um grupo de mensagens, mas os áudios teriam sido apagados pelo próprio investigado, o que, segundo a polícia, compromete ainda mais a versão de legítima defesa apresentada por Gilman.

Em seu primeiro depoimento, dado três dias após o crime, Gilman foi ouvido e liberado por não haver mandado de prisão ou flagrante. Porém, após a morte da vítima e análise das evidências, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva, que foi acatada pela Justiça.

A investigação aponta que Delvânia foi agredida com diversos golpes, principalmente na cabeça. Após desmaiar, ela foi deixada no local por Gilman. A vítima só recebeu socorro após um caseiro perceber a situação e acionar a Polícia Militar. Em estado grave, foi transferida para o HGP, onde permaneceu até a confirmação do óbito.

Doação de órgãos

No sábado (12), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que a família de Delvânia autorizou a doação de seus órgãos. A Central Estadual de Transplantes deu início aos procedimentos com apoio do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). O velório e o enterro ainda não têm data ou local definidos.

Defesa se manifesta

A defesa de Gilman Rodrigues divulgou nota em que manifesta "profundo pesar pelo falecimento da Sra. Delvânia Campelo da Silva" e afirmou que aguarda a conclusão das investigações, destacando que "todos têm direito à ampla defesa". A íntegra da nota está disponível ao final desta matéria.
Investigação

O delegado José Lucas Melo, responsável pelo caso, apontou contradições na fala do investigado e destacou a gravidade das agressões. “Se ele alega legítima defesa, por que apagou as mensagens de pedido de socorro? Além disso, tentou tranquilizar o grupo de mensagens, o que atrasou a chegada de socorro", afirmou.

O inquérito que inicialmente tratava o caso como tentativa de feminicídio agora é conduzido como feminicídio consumado.
Nota da defesa de Gilman Rodrigues da SilvaA família e a defesa técnica de Gilman Rodrigues da Silva manifestam profundo pesar pelo falecimento da Sra. Delvânia Campelo da Silva. 

A defesa aguardará a conclusão das investigações policiais, onde espera que todos os fatos relacionados, inclusive de dias anteriores ao dia 22 de março e detalhadamente a sequência de eventos daquela data, sejam colacionados ao inquérito.

A defesa afirma ainda que todos os fatos serão devidamente aclarados e reitera que, independentemente da acusação, todos têm direito de defesa, direito esse que deve ser preservado.

Marcos Candal – Advogado

Gilman Rodrigues, prestou depoimento a Polícia Civil - Foto: Ascom/Divulgação

Reportagem: Edsom Gilmar com informações do G1-TO e TV Anhanguera / Foto: Ascom/Divulgação